quinta-feira, 12 de abril de 2012

Paciente : Thiago Lima da Cunha


Paciente: Thiago Lima da Cunha – Data de nascimento 11/03/2002. 

Tivemos um longo período ao lado do Dr. Rubens, podemos afirmar que ele foi mais que um médico, foi a pessoa que nos acolheu e entendeu melhor o organismo e os problemas do nosso filho. Com a sua competência e profissionalismo através do seu tratamento pode acalmar as crises que o Thiago ainda bebê apresentava, eram crises com febre altíssima e tosse intermitente que rotineiramente evoluía para pneumonia.

O nosso primeiro encontro “consulta” foi finalizado com uma internação, mas desta vez diferente das quatro anteriores, com a esperança de termos encontrado o caminho para uma vida mais saudável para o nosso bebê, finalizada aquela internação até hoje nosso filho não precisou mais de internação, foi aquela a última.

Seguiram-se à internação um período maior de tratamento com vacinas e acompanhamento pessoal do Dr. Rubens que demonstrou em todo o período de tratamento um enorme domínio sobre o tema. Pela primeira vez fomos ouvidos, compreendidos, ou melhor, dizendo, respeitados como pais aflitos a procura de um tratamento específico para o quadro de bronquite.

Apesar do tratamento com as vacinas não ser barato, entendemos que era parte importante e imprescindível para a solução do problema e tivemos que priorizar em nosso orçamento.

Até hoje somos muito agradecidos ao Dr. Rubens, pois nosso Thiago hoje com 10 (anos),  leva sua vida de forma absolutamente normal, praticando esportes e com alimentação sem restrições.

Sinceramente, tenho muito carinho por este profissional que me tranqüiliza a cada consulta.

Agradecemos pela dedicação que teve para com a nossa família. 

Família Cunha




Infecções de Repetição - " as queixas "





Este é o cenário com as queixas que, na maioria das vezes, motivam a consulta médica


- Meu bebê não para de chiar, tenho a impressão que está sempre resfriado, tem uma infecção atrás da outra e vive tomando antibióticos, será que não está fraquinho, com baixa resistência? 

- Muito antibiótico não ataca o fígado e estraga os dentes?Meu medo é que pegue uma pneumonia e tenha que internar. UTI ! Ah, meu Deus, não quero nem pensar. 

-Será que vai melhorar com a idade?  

A maioria dos antibióticos disponibilizados para os receituários médicos são de amplo espectro, porém, nem tanto. Os antibióticos indicados para uma infecção de garganta, por exemplo, combatem outras bactérias. Contudo, é exagerada a preocupação destes antibióticos destruírem a flora bacteriana normal, cujo desequilíbrio predispõe à superinfecções. Isso realmente pode ocorrer quando se associa antibióticos muito potentes, como os utilizados em pacientes internados, principalmente em UTIs, e desde que administrados por tempo prolongado. Casos de antibioticoterapia maciça e prolongada em pacientes com hipersensibilidade ao medicamento, contudo, nessas circunstâncias... aplaude-se o ruim para não ficar com o pior.  

Essa linha de antibióticos não é encontrada em farmácias e poucos têm metabolização hepática, portanto, não atacam o fígado. Os riscos de hepatite medicamentosa, nestes casos, são irrelevantes.  

Outro mito, factóide, que de tanto ser difundido, acabou sendo aceito como verdadeiro, é o fato dos antibióticos estragarem os dentes. Essa impressão se deve aos antibióticos derivados da tetraciclina (tetrex), os únicos que dão impregnação dentária, entretanto, caíram em desuso (no Brasil) desde 1941, com o advento da penicilina, descoberta por Fleming em 1929 e por mais incrível que pareça, faziam parte, principalmente, dos receituários odontológicos. Era uma questão de falta de opção. 

O importante é não permitir que os bebês adormeçam sugando mamadeira com sucos de frutas, leite ou chás adoçados.

Nestes casos, as regurgitações e os vômitos (os refluxos) são mais freqüentes e os riscos de aspirações (microaspirações) para as vias aéreas, com todas suas complicações, serão maiores.

No futuro, estas crianças terão o esmalte dos dentes desgastado, originando as chamadas “cáries da mamadeira”. Isto sim, é que estraga os dentes, dando a impressão de descuido e são os antibióticos que levam a fama. 








INFECÇÕES DE REPETIÇÃO E CHIADO NO PEITO


- Infecções otorrinolaringológicas x Infecções das vias aéreas superiores 

Corresponde às infecções de ouvido (otites), nariz/ seios da face (rinossinusites e sinusites) e garganta (faringotonsilites). São referenciadas como infecções das vias aéreas superiores (IVAS), porém, em virtude da faringe e dos ouvidos não estarem relacionados, propriamente, com a ventilação, articulou-se, atrás dos bastidores, referenciá-las como infecções otorrinolaringológicas. A contestação dos opositores, apoiada na tradição literária, baseou-se no fato de não haver mudanças na abordagem diagnóstica e terapêutica, que é da competência do pediatra, reservando-se aos otorrinos os casos cirúrgicos e os que requerem procedimentos mais específicos.  

- Infecções das vias aéreas superiores (IVAS) 

Podem ser causadas por vírus e bactérias. As infecções virais são autolimitadas, na maioria das vezes, cursam para cura espontânea, transcorridos em média de 5 a 7 dias, apenas com tratamento sintomático. Casos das gripes, resfriados comuns e das aftas- gengivostomatites e herpanginas. O enfoque está voltado para as infecções causadas por bactérias, em que os riscos de complicações são mais significativos, principalmente em crianças de baixa idade, e que são passiveis de um tratamento preventivo, embora polêmico por não ser protocolado. 

- Quais são as bactérias envolvidas nas IVAS? 

* Nos casos de faringites, faringotensilites e rinofaringites, a bactéria implicada é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (Streptococcus pyogenes). Na maioria das vezes não há grandes dificuldades diagnósticas. Nos casos duvidosos, solicita-se a pesquisa rápida em raspado de orofaringe. O resultado é fornecido em poucos minutos, no entanto, como a sensibilidade desse exame ainda não foi bem estabelecida, um resultado negativo pode ser interpretado tanto como excludente (realmente negativo) como um falso-negativo. 

Nesses casos, quando não ocorre melhora com o tratamento antimicrobiano, deve-se excluir a possibilidade da etiologia viral, em especial do vírus de Epstein Barr, causador da mononucleose, conhecida popularmente como a doença do beijo. 

* As otites e as rinossinusites são causadas pelas mesmas bactérias. Nos primeiros dois anos de vida (lactentes), os estudos epidemiológicos assinalam uma prevalência do hemófilo (Haemophilus influenzae do tipo B) e por um dos 90 tipos de pneumococo (Streptococcus  pneumoniae), seguidos pela Moraxella catarrhalis.

Com o advento das vacinas pneumocócicas e contra o hemófilo, cujo esquema básico de imunização envolve três doses aplicadas nos primeiros 6/7 meses de vida e mais uma dose de reforço dos 12 aos 15 meses, a frequência dessas doenças , assim como das suas complicações, diminuíram consideravelmente, embora não estejam erradicadas, uma vez que nenhuma vacina confere imunidade absoluta (de 100%). Até 2012, a vacina pneumocócica mais potente disponibilizada, para imunizar os lactentes, por exemplo, abrange 13 sorotipos (13 valente) dos 90 descritos. De maneira que essas bactérias continuam sendo importantes agentes de infecções das vias aéreas superiores, inclusive em outros sítios. 

Ainda são responsabilizadas por artrites, celulites, epiglotites, meningites, pneumonias e septicemia (infecção generalizada), principalmente nas crianças com até cinco anos de idade, particularmente lactentes, mesmo que devidamente imunizadas. 

- Existem meios para identificar a bactéria responsável por essas infecções?  

O exame laboratorial destinado ao reconhecimento da bactéria causadora da infecção consiste na análise das secreções (bacterioscópico e cultura), obtidas por meio de punção dos seios da face, nos casos das sinusites e de rinossinusites, e através da paracentese, nos pacientes com otite purulenta, procedimento que impõe a perfuração do tímpano, para a coleta do material. 

Como estas bactérias são sensíveis aos mesmos antibióticos e, na grande maioria dos casos, não há dificuldades terapêuticas, não existem interesses práticos em reconhecer a bactéria causadora da infecção. Quando não ocorre resposta favorável aos tratamentos instituídos, daí sim se cogita a realização destes exames. Contudo, devido esses métodos não serem totalmente inócuos e como as possibilidades de isolamento do agente responsável pelo quadro infecçioso são remotas, haja vista que os pacientes encontram-se sob o efeito de antibióticos, o que diminui consideravelmente as chances de se obter uma cultura positiva, a indicação destes procedimentos, apesar de válida, não deixa de ser questionável. 

Portanto, não há indicação formal para a realização destes procedimentos, salvo quando as infecções são recorrentes, com recaídas muito próximas, e desde que tenham sido tratadas corretamente. Na maioria desses casos, existe um problema de base relacionado à alergia, a alguma imunodeficiência ou alteração estrutural que está predispondo às reinfecções. Uma vez excluídas essas hipóteses diagnósticas, nos casos em que a infecção evolui com refratariedade terapêutica (resistência aos antibióticos empregados), quando então paira a suspeita de uma bactéria fora dos padrões (atípica), daí sim, nessas circunstâncias, muito raras, é que se cogita recorrer desse meio diagnóstico.  

Os exames que podem diferenciar os processos infecciosos virais dos bacterianos, embora nem sempre sejam conclusivos, são o leucograma e a determinação da proteína C reativa (PCR), que veio substituir o antigo e consagrado, na época dos anos 90, teste do NBT (nitrobluetetrazole). Exceto alguns casos de DDA (doença diarreica aguda), causados pelos cinco tipos de rotavírus, e de Bronquiolíte, causados, principalmente, pelas quatro variantes de vírus sincicial respiratório, em que foram assinaladas altas taxas de PCR, valores muito elevados, até prova em contrário, são indicativos de infecção bacteriana e quando normais, assim como era a interpretação dos testes do NBT, sugerem um processo viral. 

-As IVAS são frequentes? 

Sim. É praticamente impossível apontar alguém que não tenha contraído algumas infecções em uma determinada idade e, com raríssimas exceções, as crianças são as presas mais fáceis devido à imaturidade do seu sistema de defesa, de maneira que quanto mais jovem a criança maior a vulnerabilidade aos processos infecciosos, havendo nítida prevalência dos quadros virais, como uma gripe ou um resfriado comum. 

O problema é que as infecções virais debilitam ainda mais o estado imunológico das crianças, facilitando a instalação de uma infecção bacteriana secundária. Geralmente, as viroses precedem as infecções bacterianas. 

É relativamente comum crianças em tratamento sintomático para gripe, por exemplo, apresentarem intercorrências como otite ou uma rinossinusite. A finalidade dos antibióticos, nestes casos, é de aliviar os sintomas e evitar a disseminação da bactéria para outros sítios, como para os pulmões ou meninge, causando pneumonia, meningite e até um abscesso cerebral. 

O objetivo maior do emprego de antimicrobianos é impedir o surgimento das complicações mais sérias das infecções bacterianas, as quais podem exigir internação e até intervenção cirúrgica, com riscos de sequelas e de vida.  

-Qual o grupo de maior risco? 

As crianças que sofrem de IVAS recorrentes, obviamente, correm maiores riscos.  Encabeçam esse grupo os lactentes nascidos de parto prematuro, em que a interrupção da gravidez impede a transferência completa dos anticorpos maternos, particularmente os que não foram amamentados exclusivamente com leite materno, durante pelo menos os seis primeiros meses de vida e naqueles com ingresso precoce a berçários.  

- Quando as IVAS podem ser consideradas recorrentes? 

Do ponto de vista otorrinolaringológico, convencionou-se como recorrente a ocorrência de três infecções de vias aéreas superiores, independente do foco (de ser a mesma doença), em seis meses ou quatro reinfecções em 12 meses.

É um critério que, apesar de arbitrado, tem sua importância por determinar um limite, no sentido de impor uma abordagem diagnóstica mais abrangente, no entanto, peca por não relacionar a faixa etária e por não estabelecer uma padronização de conduta. Ficam implícitas infecções comprovadamente bacterianas, tratadas adequadamente.  

- Como deve ser a abordagem desses casos? 

Toda criança, independente da idade, com infecções recorrentes deve ser submetida a uma investigação diagnóstica, no sentido de averiguar a ocorrência de imunodeficiências congênitas ou adquiridas ou se há algum problema de fundo estrutural, assim como a existência de doenças correlatas a exemplo do refluxo gastroesofágico e das alergias às proteínas do leite de vaca e aos inalantes (poeira, ácaros, fungos...).  

A nasofaringolaringofibroscopia assim como a tomografia computadorizada dos seios da face e de mastóides (ossos temporais) podem ser úteis no sentido de descartar a existência de algum problema anatômico (alteração estrutural) que possa estar condicionando às reinfecções, como a hipertrofia acentuada (acima de 75%) das adenóides, desvio de septo (mais em adultos) ou de qualquer outro processo obstrutivo nasal, que implique na sua correção cirúrgica. 

 São estes casos que, realmente, necessitam da intervenção dos otorrinolaringologistas e não nas terapêuticas com o emprego de imunomoduladores ou de lisados bacterianos, de ação inespecífica, conforme é apregoado e divulgado, através de um marketing agressivo, por alguns laboratórios, que induzem a prescrição de seus produtos, sem que se tenham excluídas essas possibilidades.  

- Qual o papel do refluxo e das alergias junto às infecções de repetição otorrinolaringológicas e pulmonares?  

Observa-se que um número significativo de crianças com infecções de repetição, tanto das vias aéreas superiores (infecções otorrinolaringológicas), como as do trato respiratório baixo, entre as quais figuram as pneumonias, as laringotraqueobronquites e a asma, estão sob a influência dos refluxos gastroesofágicos. São portadoras de refluxo e, exceto pela pHmetria esofágica prolongada, dificilmente se consegue comprovar esta correlação, a não ser pela melhora dos sintomas, ainda que relativa, após  algum tempo de instituído o tratamento específico para o refluxo. 

Da mesma forma, crianças com sinusites de repetição e muitas das que apresentam episódios recorrentes de broncoespasmo (chiado no peito), tem em comum a alergia aos inalantes e/ou às proteínas do leite de vaca. São portadoras de rinite e de asma. Daí, talvez, a principal justificativa das crianças apresentarem quadros de “chiado no peito” associados à sinusite e a necessidade de radiografar os seios da face, sempre que os sintomas tiverem uma evolução arrastada (atípica). 

A positividade dos exames destinados ao rastreamento dessas alergias, tanto os testes cutâneos – testes de leitura rápida após escarificação na pele – conhecido como prick test, assim como o rast (imunoensaio IgE – específico), em crianças acima dos dois anos de idade, oscila em torno dos 85%, portanto, 15 de cada 100 crianças alérgicas ficam sem a comprovação laboratorial. Nestes casos, quando ocorre melhora dos sintomas com a suspensão do leite de vaca e de seus derivados, esses resultados são considerados falso-negativos e não excludentes da alergia às proteínas lácteas. Da mesma forma, quando há melhora após tratamento antialérgico. 

É importante ressaltar que a melhora, frequentemente, não corresponde às expectativas, já que na maioria das vezes não se trata de um problema unifocal. São vários os fatores que se interagem, como causa ou agravantes, de modo que dificilmente se consegue conciliar um tratamento que envolva os refluxos gastroesofágicos e as alergias aos agentes inalatórios com a imunidade dos pacientes, mesmo com o emprego de imunobiológicos (vacinas) e de lisados bacterianos, do tipo Broncho Vaxon ou Paxoral ou de imunomoduladores à base de timomodulina, Leucogen, destinados à prevenção dos processos infecciosos e dos imunomoduladores derivados do montelucaste sódico ou do fumarato de cetotifeno, com ação inibitória da histamina e dos leucotrienos, tidos como antiasmáticos e, portanto, direcionados ao combate das alergias aos agentes inalatórios (poeira, ácaros, fungos...), mais especificamente nos casos não detectáveis, nos primeiros dois anos de vida em que não há como rastrear este tipo de alergia e após essa idade, nos cerca de 15% de casos não identificados que caracterizam os resultados falso-negativos. A resposta ao tratamento é lenta, uma vez que o efeito máximo dessas medicações, por serem de depósito, só ocorre transcorridos três meses e como já enfatizado, muitas vezes, deixa a desejar, inclusive com a suspensão alimentar dos laticínios, como prova terapêutica, nos casos suspeitos de alergia às proteínas do leite de vaca, mesmo com o cumprimento rigoroso da dieta, sem que ocorram transgressões. 

O emprego de imunobiológicos (lisados bacterianos) e de imunomoduladores tem indicação, não protocolar, para crianças com mais seis meses de vida. 

- Excluindo o leite de vaca da dieta

A resposta clínica é morosa, devendo ser avaliada depois de oito semanas (60 dias) da dieta isenta de laticínios, se bem que, muitas vezes, já há como vislumbrar a evolução do caso após quatro semanas e apesar da expectativa de melhora ser relativa, visto a variabilidade de fatores envolvidos, os resultados, frequentemente, ficam aquém do esperado e o que pode contribuir para subvalorizar, ainda mais, a avaliação da melhora dos sintomas, são as transgressões que todo paciente, principalmente os com idade superior aos dois anos, que já conhecem o gosto do melado, está sujeito. É a estória de o médico estar exagerando, coitadinho! Imagina, se um só vai fazer mal... Daí então a bolacha ou uma bala dada às escondidas, um pedacinho de chocolate do coleguinha ou o brigadeiro irresistível das festas e assim vai. Aliás, essas tentações são difíceis de driblar até pelas mães que amamentam e que apesar de terem plena consciência do rigor no cumprimento da restrição absoluta aos produtos lácteos, deslizam e o pior, é quando sonegam essas informações, com prejuízo na condução do caso. 

Sem dúvidas, se nos rótulos dos produtos comercializados tivesse a informação de se tratar de um alimento sem traços de leite, os riscos do consumo acidental seriam menores. É simples, porém, enquanto não se adotarem as devidas providências, o desconhecimento de termos que, de maneira bem implícita, indicam a presença do leite de vaca, como caseína, caseinato, lactose, entre outros, justifica que a principal causa das transgressões seja, lamentavelmente, a ingestão acidental de produtos lácteos. 

Por mais estranho que possa parecer, em virtude do potencial alérgico de certos alimentos de origem animal, a maioria dos especialistas já não dá mais as “boas vindas” à introdução de peixe, ovo e do leite de vaca, ovelha, cabra ou de búfala no primeiro ano de vida. A alternativa, para os lactentes jovens, é a soja ou fórmulas especiais à base de hidrolisados proteicos ou de aminoácidos livres, contudo, o preço está fora dos padrões brasileiros. Vale recorrer aos órgãos governamentais que, após muita burocracia, em parte, justificável pelos abusos nas indicações, decorrentes da inabilidade na condução de alguns casos, disponibilizam esses leites sem ônus. 

Nomes comerciais de leites hidrolisados: Aptamil Pepti (Danone), Althéra (Nestlé).

Nomes comerciais de leites extensamente hidrolisados: Pregomin Pepti (Danone), Alfaré (Nestlé).

Nome comercial de leite à base de aminoácidos livres: Neocate (Danone). 

Salvo as manifestações graves das alergias que, de modo geral, podem culminar em choque anafilático, espasmo de glote e parada respiratória, fica o registro do leite de vaca e derivados, graças às suas frações proteicas, serem os únicos alimentos relacionados com sintomas respiratórios, capazes de precipitar o aparecimento de tosse, chiado no peito e falta de ar, com quadros indistinguíveis aos dos causados pelas infecções (Bronquiolítes). Nesses casos, o que deve chamar a atenção não é, propriamente, a gravidade dos sintomas, mas sim suas recorrências, quando o “Bebê Chiador” (Síndrome do Lactente Sibilante) protagoniza o cenário.   

 - IVAS & IVAI- As infecções das vias aéreas superiores andam juntas com as inferiores 

A abordagem diagnóstica e terapêutica desses casos é complexa pela pluralidade de fatores implicados. De forma protocolar, ainda que pesem os prós e contras dos especialistas envolvidos, cada qual puxando a sardinha para o seu braseiro, fazem parte dos quadros os refluxos, as alergias e a imaturidade do sistema imunológico própria da idade, por vezes, agravada com alguma depleção proteína-vitamínica e/ou de anticorpos. Isso, sem considerar os problemas anatômicos e as malformações, que comprometem, ainda mais o prognóstico do tratamento. 

 O manuseio envolve conhecimentos específicos nas áreas de gastrenterologia, nutrologia, alergia e imunologia, otorrinolaringologia, pneumologia e, obviamente, de pediatria. É um problema de enfoque multidisciplinar, que, muitas vezes, necessita de avaliações de uma equipe multiprofissional, cujos pareceres nem sempre são consensuais.

Somam-se a essas dificuldades a existência de poucos centros referenciados que se propõem a realizar determinados procedimentos de grande valia diagnóstica, principalmente na faixa etária dos dois primeiros anos de vida, que obriga o profissional a priorizar exames em detrimento de outros, ainda que pesem sua menor sensibilidade e especificidade. Isso tudo, sem considerar a necessidade de outros procedimentos, em que podem marcar presença endoscopistas, broncoscopistas, fisioterapeutas, além do psicopedagogo, uma vez que não se pode desconsiderar o fator emocional, muitas vezes negligenciado. 

Outro agravante, é a impossibilidade de rastrear a alergia aos inalantes, com certa margem de segurança, antes dos dois anos e, acima dessa idade, pesam ainda os 15% de resultados falso-negativos, os quais inviabilizam que se institua um tratamento direcionado, com maiores probabilidades de uma evolução satisfatória. 

- O refluxo como o grande vilão  

Se antes se conjecturava muito e pouco se concluía, os avanços tecnológicos permitiram que se desvendasse o papel dos refluxos gastroesofágicos frente á determinados sintomas não relacionados com o trato digestivo. Casos de dor torácica simulando infarto, em adolescentes e adultos, e de sintomas respiratórios, como os acessos de tosse e determinadas crises de “chiado no peito”, em crianças, particularmente nos lactentes. Com o advento da pHmetria esofágica prolongada, estes sintomas e  outros inespecíficos, à exemplo  das eructações, engasgos, soluços, mal hálito, foram  associados aos refluxos, sem despertar a estranheza de outrora.

Dessa forma, vem-se procurando vincular os refluxos gastroesofágicos, se não como causa, então, como agravantes, frente a vários distúrbios – a ponto de serem considerados como um dos maiores vilões da saúde. É um estudo apaixonante e que, ainda, se reveste de muita polêmica, pelos desafios que representa em termos diagnósticos e terapêuticos, pois seu diagnóstico, na maioria das vezes, só ocorre numa fase tardia, com o surgimento dos sintomas de uma de suas complicações, uma vez que os sintomas clássicos, constituídos pelos vômitos e regurgitações, a partir dos 4/6 meses de vida, já não se fazem presentes, dando a falsa impressão de não existir refluxo, quando o material refluído pode ficar contido no esôfago, não sendo expelido, o que caracteriza os refluxos ocultos, também chamados silenciosos.  

Constitui um alerta bem chamativo de refluxo, principalmente na infância, as crises de tosse e de “chiado no peito”, relacionadas com a alimentação e desencadeadas tão logo a criança tenha deitado, sem respeitar um espaço de tempo razoável ou quando seguidas de algum esforço físico, que seja após choro forte ou com uma simples gargalhada. 

A suspeita de refluxo também deve ser aventada nos casos de IVAS recorrentes, particularmente em se tratando de laringites (tosse de cachorro), quando cursam sem febre. 

Os exames

A abordagem diagnóstica do refluxo, principalmente na população infantil mais jovem, é complexa por vários motivos:  

- Existem certos procedimentos, a exemplo da eletromanometria esofágica que é de grande valia diagnóstica por avaliar a tonicidade dos esfíncteres esofágicos, mais especificamente por identificar os casos de hipotonia esfincteriana e, paralelamente, ditar a conduta terapêutica, no que concerne à sustentação da indicação cirúrgica dos refluxos, que são realizados somente a partir dos 12 anos de idade, e mesmo assim... 

A nasofaringolaringofibroscopia é outro procedimento, que poucos centros especializados de otorrinolaringologia se dispõem a realizá-lo, com os devidos quesitos técnicos. 

- Mesmo os exames contrastados mais rotineiros, como a cintilografia e o EED (raios X do esôfago, estômago e duodeno), podem ser prejudicados pelas condições técnicas impostas com ingestão de contraste, certo tempo de imobilização e manobras que incomodam os pequenos pacientes. Nestes exames, é importante, em termos terapêuticos, que se determine o tempo de esvaziamento gástrico.  

Tudo que pode justificar a falta de cooperação e a necessidade de realizar vários procedimentos para complementar os resultados e, mesmo assim, dificilmente chega-se a uma definição diagnóstica, sem que haja alguma polêmica na interpretação dos achados dos exames e, consequentemente, na conduta terapêutica a ser instituída. 

- Outro fator que não deve ser desconsiderado é a qualificação da equipe técnica, que pode comprometer o resultado de um exame, tanto no sentido de supervalorizar como no de subestimar um determinado artifício. Aliás, pode-se ter a falsa impressão de um exame ser mais preciso, por fornecer dados melhor elaborados, quando assistido por profissionais gabaritados, mesmo que se considere a falta de cooperação dos pequenos pacientes. 

- Os dois procedimentos imprescindíveis para o estudo das complicações dos refluxos, daí a consideração “gold standard”- padrão ouro: a endoscopia para diagnosticar a esofagite e a pHmetria esofágica prolongada de 24 horas, para associar os sintomas das complicações extra digestivas dos refluxos, estão condicionados a sedação e à uma internação, que, além desse inconveniente, onera o procedimento. A partir dos oito anos, vale a tentativa de realizá-la em ambiente domiciliar. É positivo de um lado, porém, como não há o aporte de uma equipe técnica, pode haver prejuízo na interpretação dos achados e são maiores os riscos em ter que refazer a pHmetria, desta vez, em regime hospitalar. 

Em suma, existem fatores que influenciam a indicação de exames, com predileção por um determinado procedimento ainda que pese sua menor sensibilidade e especificidade.
São ossos do ofício. 

Os refluxos devem ser tratados? Medicar ou não? 

Pois é! Existem os antiácidos destinados a combater a ação corrosiva da acidez gástrica e minimizar os riscos de esofagite de refluxo, a exemplo dos derivados da ranitidina (Label, Antak...) e do omeprazol, que não oferecem grandes riscos de reações adversas. 

Contudo, se de um lado combatem a acidez, do outro, inibem a ação dos anti-inflamatórios hormonais, mais propriamente, dos corticóides, os quais, muitas vezes, são necessários ao tratamento de resgate das crises de broncoespasmo (Bronquiolíte, Bronquíte, Asma) e é, relativamente, comum essa associação medicamentosa. Portanto, academicamente, é importante ponderar quanto aos riscos e benefícios dessa conduta, especialmente nos casos em que se procura adequar as posologias, quando a dose do corticóide mais elevada pode, daí sim, precipitar ou agravar sintomas de gastrite e/ou de esofagite. 

Quanto à medicação procinética, considerada como reguladora da motilidade gastrintestinal, que promove um esvaziamento gástrico mais rápido, portanto, digestivos, os mais conceituados, tanto a domperidona (Motilium, Peridal) como, principalmente, a bromoprida (Digesan), além dos efeitos colaterais, em que, entre os mais indesejáveis, constam as convulsões, e que se somam nos tratamentos prolongados, deveria ser prescrita somente quando fosse constatado um retardo (lentificação) no tempo de esvaziamento gástrico (digestão difícil). Caso contrário, como costumam ser administrados por tempo prolongado, as probabilidades de má absorção dos nutrientes da alimentação são significativas, inclusive a de outros remédios que por ventura tenham necessidade de ser administrados e cuja posologia deve ser revista. 

- A baixa resistência do organismo e a idade - Imunodeficiência fisiológica 

Em crianças e nos adultos com mais de 60 anos de idade, há uma instabilidade do sistema imunológico, uma imunodeficiência funcional, tanto mais pronunciada quanto mais jovem a criança e mais velho for o adulto.  

Nos primeiros anos, o sistema imunológico é preguiçoso, encontra-se numa fase de desenvolvimento, há uma imaturidade, que o evolver da idade se incumbe de reparar. Já nas pessoas de idade mais avançada, a deficiência imunológica poderia ser comparada como a de uma estafa, correspondente a um estado de pré-aposentadoria do sistema de defesa, com perspectivas contrarias à das crianças. Nesses grupos, há maior vulnerabilidade aos processos infecciosos e agravamentos, sem necessariamente que se caracterize uma imunodeficiência laboratorial, ou seja, as taxas de imunoglobulinas e as células de defesa do organismo não estão alteradas.  

Geralmente, as infecções despertam atenção por volta dos seis meses de idade, coincidentemente, quanto se inicia o desmame e com o ingresso aos berçários. Eventualmente antes, nas crianças nascidas de parto prematuro, pela interrupção da gravidez que impede a transferência total dos anticorpos maternos, em particular, naquelas que não estão sendo amamentadas com leite materno exclusivo. 

A partir dos dois anos, as infecções tendem a ser menos frequentes e cursar sem maiores               implicações, salvo se houver algum problema de base, como alguma doença imunodebilitante, refluxo gastroesofágico, alergia, alterações estruturais como as adenóides, malformações, quando se impõe uma investigação diagnóstica mais abrangente, no sentido de apurar a existência destes fatores, os quais, muitas vezes, se associam.  

- A baixa resistência do organismo e as doenças & medicamentos 

A imunodeficiência pode ser decorrente de alguma doença de base, entre as quais, nos adultos  o protótipo é a Diabetes ou ser agravada em consequência de tratamentos com remédios imunossupressores, como os corticóides, quando empregados em doses elevadas nos tratamentos prolongados de determinadas doenças, a exemplo das Nefroses e Colagenoses como o Lúpus, e dos citostáticos (quimioterapia) em se tratando do Câncer e das Leucemias.  

Nesses casos, a deficiência imunológica é considerada adquirida ou secundária e também não é quesito sua comprovação laboratorial. As infecções costumam ser freqüentes e sérias, justificando o emprego de antibióticos como medida profilática.    

- As imunodeficiências congênitas (de nascença) 

Por ser de causa desconhecida (idiopática), essa deficiência imunológica é também chamada primária e não deixa de ser um privilégio das crianças, particularmente dos lactentes. Nos casos graves, manifesta-se logo nos primeiros meses de vida, não oferecendo grandes dificuldades diagnósticas, entretanto, na maioria das vezes, as manifestações são leves, o que faz com que seu diagnóstico ocorra mais tardiamente, após surgir um sinal mais chamativo do problema.   

Geralmente, o que desperta atenção não é propriamente a gravidade do quadro clínico, mas sim as recorrências dos sintomas, deixando a impressão da criança estar constantemente resfriada ou a preocupação do uso abusivo de antibióticos em virtude das infecções repetitivas.  

A suspeita diagnóstica deve ser aventada quando o problema se instala precocemente - nos primeiros meses de vida - principalmente nos bebês nascidos de nove meses e que recebem alimentação materna exclusiva.  

A prematuridade e o fato do bebê não estar sendo amamentado, podem até justificar a maior incidência das infecções, como conseqüência da transferência incompleta dos anticorpos maternos e não em decorrência da falta de produção de anticorpos pelo bebê, o que caracterizaria a imunodeficiência congênita.  

 O fato é que não existe um tratamento específico, não há como induzir o sistema retículo-endotelial, constituído pelo timo, linfonodo, baço e, principalmente, pela medula óssea, a produzir imunoglobulinas, tampouco, com exceção da gamaglobulina, dispõe-se de remédios que as contenham. 

A criança deverá ser monitorada, com dosagens seriadas das imunoglobulinas, por tempo indeterminado.  

Outro alerta que sinaliza para a possibilidade de que algo de errado pode estar acontecendo e independe da idade, concentra-se nos casos em que as infecções são recorrentes e próximas, dando a impressão de refratariedade aos tratamentos convencionais, ou seja, que os antibióticos não surtem efeito. A atenção deve ser redobrada quando a(s) infecção(ões) tiver(em) seu curso agravado com alguma complicação mais séria, como uma pneumonia. São situações que devem ser valorizadas, desde que os tratamentos tenham sido bem conduzidos. 

Nesses casos, impõe-se a investigação da suposta depleção imunológica. Solicita-se a dosagem das imunoglobulinas - grupo de proteínas produzido por células do sistema hematopoiético (sangue), mais especificamente pelos linfócitos e plasmócitos. A deficiência pode se restringir a uma determinada imunoglobulina ou atingir todas as classes (IgA , IgG e IgM ) e subclasses de IgG (IgG 1,2,3,4). Nesses casos, as infecções tendem a ser mais freqüentes e graves. Felizmente, na maioria das vezes, observa-se uma imunodeficiência seletiva de IgA. É de caráter reversível, no entanto, não há como prever o tempo para que o sistema imunológico adquira sua funcionalidade e a criança fique mais resistente às infecções.  

Não existe remédio que contenha IgA em sua composição. A fonte é natural, provém do leite materno, particularmente do colostro. Daí, a constatação das infecções serem menos frequentes nos bebês, enquanto estiverem sendo amamentados. 

O mecanismo de defesa do organismo, é complexo, envolve ainda um estudo das células linfocitárias (subpopulação linfocitária) de difícil entendimento e, na realidade, sem implicações práticas importantes, já que não há como manusear, não existem meios de reverter essas carências.  

 Deve-se estimular o aleitamento materno exclusivo, pelo menos, até os seis meses de vidas e postergar a idade de ingresso aos berçários. Idade sugerida: a partir dos três anos, pesando as necessidades e os prejuízos na sociabilização e no aprendizado. 

- Existem meios de estimular o sistema imunológico das crianças, para aumentar sua resistência e diminuir a frequência das infecções ou, ao menos, evitar as infecções mais sérias? 

Os lisados bacterianos (imunobiológicos):  

Estes remédios são de um material obtido em laboratório, através da fragmentação (lise) de algumas das principais bactérias causadoras de infecções, daí o nome de lisado bacteriano. Objetivam a formação de anticorpos específicos contra essas bactérias, assim como as vacinas obrigatórias do calendário oficial, porém, sem causar os sintomas da doença. As vacinas contra o sarampo, rubéola e a da varicela (catapora), por exemplo, podem desencadear sintomas atenuados das próprias doenças. 

São administrados por via oral, sem o desconforto das aplicações intramusculares ou subcutâneas das vacinas e, portanto, sem as suas reações tópicas, que vão desde a vermelhidão, dor, até abscessos no local da aplicação. Enfim, são praticamente isentos de efeitos colaterais e contam com a vantagem de serem administrados durante os tratamentos com antibióticos, potencializando seu efeito. Até o momento, não foram descritas interações com outros medicamentos ou qualquer alimento.  

Os remédios empregados à base de lisados bacterianos podem ser administrados a partir dos seis meses de idade, visam estimular a produção de anticorpos específicos e não a síntese de imunoglobulinas ou a adequação na produção das células de defesa. O tratamento é empírico, sem embasamento científico, justificando certa polêmica na prescrição dessa medicação. Questiona-se se a melhora não iria ocorrer com o avançar da idade, independente de qualquer tratamento.  

Deixar a critério do tempo é uma decisão delicada. É correr riscos desnecessariamente, contrastando com a proposta dos tratamentos, que objetiva minimizar, ao máximo, as chances de complicações mais sérias com uma medicação, praticamente, isenta de reações adversas, salvo raríssimos casos de manifestações gastrointestinais, mas nada cuja intensidade exija a interrupção do tratamento. 

O que preocupa não é, basicamente, uma infecção dos ouvidos, uma sinusite ou uma infecção de garganta, mas sim suas complicações, não somente as imediatas, as que surgem durante o tratamento, como uma pneumonia, meningite... mas, também, as complicações mais tardias (seqüelas) como a inflamação dos rins (nefrite) e o reumatismo infeccioso ( febre reumática). 

Importante ressaltar que assim como muitas crianças se beneficiam com um determinado esquema terapêutico, outras, com o mesmo perfil e submetidas ao mesmo tratamento, podem apresentar uma evolução não tão favorável, sem que se encontre outra razão, que não seja a epigenética. Essa avaliação é especulativa, o saldo é sempre positivo, porém, difícil de ser mensurado e até mesmo admitido, pois além da possibilidade da resposta ter ficado aquém das expectativas, o que é frequente, existe a tendência em não analisarmos o outro lado da moeda, o lado negativo. Será que não poderia ter sido pior?  

Os imunomielomoduladores: 

Existe outra linha de imunoestimulante ou de imunomodulador, cuja essência é a de um lisado ácido de timo de vitelo (timomodulina), o qual parece estar mais relacionado com a maturação das células linfoplasmocitárias e indiretamente, com o aumento da produção das imunoglobulinas do que  propriamente com a síntese de anticorpos específicos, como é o caso dos lisados bacterianos (imunobiológicos). 

Estes remédios, em função de estimularem o sistema imunológico (retículo-endotelial), particularmente a medula óssea, também são referenciados como imunomielomoduladores e, apesar de um mecanismo de ação ainda não bem definido, não deixam de ser uma opção interessante, a partir dos seis meses de idade, como parte de um tratamento alternativo (adjuvante), nos casos de infecções recorrentes, principalmente nas imunodeficiências seletivas de IgA.  

 Nos tratamentos em que se associou um imunobiológico com um imunomielomodulador, constatou-se um resultado bastante positivo tanto na produção de imunoglobulinas quanto na maturação das células de defesa. A resposta clínica foi consonante, observou-se uma diminuição importante das reinfecções e não houve registro de infecção grave.


Curiosidades:

·  Timo é um órgão de defesa situado no tórax - na frente do pulmão direito- com ação na maturação hematopoiética, tanto das células da série vermelha (hemácias ou eritrócitos) como nas células da série branca (leucócitos), principalmente sobre os linfócitos B e T.
Mantêm-se desenvolvido até a puberdade para depois começar a regredir e desaparecer na idade adulta.
Pode ser evidenciado nos raios X do tórax, como uma imagem triangular de cor esbranquiçada, semelhante à vela de barco, sobreposta ao pulmão direito. Essa imagem é observada de forma mais pronunciada até os dois anos de idade, tende a diminuir de intensidade dos 2 aos 4 anos e pode ser, em condições normais, visualizada até a adolescência.
·  Vitelo (a) ou Novilho (a) = boi (vaca) com menos de um ano.
·  Imunoglobulinas: grupo de proteínas produzidas por leucócitos (linfócitos e plasmócitos).
 As proteínas são formadas por aminoácidos (ácidos aminados). São descritos 33aminoácidos que se associam de maneiras distintas, formando cadeias de aminoácidos, os quais passam a ser denominados como peptídeos (dipeptídeo, tri, polipeptídeo) que, por sua vez, formam as diferentes proteínas. “Polipeptídeos=Proteínas”.



AS QUEIXAS: 

- Meu bebê não para de chiar, tenho a impressão que está sempre resfriado, tem uma infecção atrás da outra e vive tomando antibióticos, será que não está fraquinho, com baixa resistência? 

- Muito antibiótico não ataca o fígado e estraga os dentes?Meu medo é que pegue uma pneumonia e tenha que internar. UTI ! Ah, meu Deus, não quero nem pensar. 

-Será que vai melhorar com a idade? 

Este é o cenário com as queixas que, na maioria das vezes, motivam a consulta médica. 

A maioria dos antibióticos disponibilizados para os receituários médicos são de amplo espectro, porém, nem tanto. Os antibióticos indicados para uma infecção de garganta, por exemplo, combatem outras bactérias. Contudo, é exagerada a preocupação destes antibióticos destruírem a flora bacteriana normal, cujo desequilíbrio predispõe à superinfecções. Isso realmente pode ocorrer quando se associa antibióticos muito potentes, como os utilizados em pacientes internados, principalmente em UTIs, e desde que administrados por tempo prolongado. Casos de antibioticoterapia maciça e prolongada em pacientes com hipersensibilidade ao medicamento, contudo, nessas circunstâncias... aplaude-se o ruim para não ficar com o pior.  

Essa linha de antibióticos não é encontrada em farmácias e poucos têm metabolização hepática, portanto, não atacam o fígado. Os riscos de hepatite medicamentosa, nestes casos, são irrelevantes.  

Outro mito, factóide, que de tanto ser difundido, acabou sendo aceito como verdadeiro, é o fato dos antibióticos estragarem os dentes. Essa impressão se deve aos antibióticos derivados da tetraciclina (tetrex), os únicos que dão impregnação dentária, entretanto, caíram em desuso (no Brasil) desde 1941, com o advento da penicilina, descoberta por Fleming em 1929 e por mais incrível que pareça, faziam parte, principalmente, dos receituários odontológicos. Era uma questão de falta de opção. 

O importante é não permitir que os bebês adormeçam sugando mamadeira com sucos de frutas, leite ou chás adoçados.

Nestes casos, as regurgitações e os vômitos (os refluxos) são mais freqüentes e os riscos de aspirações (microaspirações) para as vias aéreas, com todas suas complicações, serão maiores.

No futuro, estas crianças terão o esmalte dos dentes desgastado, originando as chamadas “cáries da mamadeira”. Isto sim, é que estraga os dentes, dando a impressão de descuido e são os antibióticos que levam a fama. 


 O CENÁRIO FINAL 

À medida que a idade avança, as crianças vão ficando mais resistentes. Geralmente, a partir da idade escolar – após os sete anos – a imunidade atinge um estágio, na qual as infecções não são tão freqüentes e preocupantes, salvo se tiverem algum problema de base. Em se tratando de sinusites ou de rinossinusites de repetição, é bem provável que estes quadros sejam consequentes de rinite alérgica ou de alguma disfunção anatômica. Quando o problema é pulmonar - pneumonias de repetição - deve-se atentar para os antecedentes de asma ou para a presença de alterações estruturais, quando se impõe um estudo tomográfico.  

Nessa idade, o esôfago já atingiu um tamanho maior, de modo que os refluxos, do ponto de vista anatômico, tendem a ser pouco significativos. Podem ocorrer esporadicamente, sinalizados através de eructações, soluços, hálito forte, sensação de bolo alimentar na garganta, sem maiores implicações e como resposta aos abusos alimentares, medicações e problemas emocionais, que não devem ser negligenciados, independentemente da idade do pequeno paciente. 

Dois dos fatores que, praticamente, deixam de exercer influência junto às crises de tosse, de “chiado no peito” e nas IVAS recorrentes. 

Quanto à alergia ao leite de vaca: 50% das crianças passam a tolerar os laticínios após um ano de restrição, 70% após dois anos e 90% após três anos. 

Em suma: As crises de tosse e de “chiado no peito”, nas crianças maiores, são atribuídas basicamente à alergia aos agentes inalatórios e partindo do pressuposto que estas crises são diagnosticadas como Asma, não há muito o quê contestar quanto à consideração desta doença não ter cura e sim controle.

 A Asma e os processos alérgicos, de modo geral, têm uma evolução que tende à cronicidade, com recorrências imprevisíveis, ainda que se considere o relato de muitos pacientes que alegam estarem assintomáticos há anos. É a história do tive Asma ou Rinite quando criança. Conjectura-se até quando a doença permanecerá quiescente, para justificar o estigma do nome.